sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Estudo sobre o Sono da Criança


Como as noites cá por casa não têm nada fáceis, lancei-me á procura de respostas e encontrei  algumas neste estudo.

Sono da Criança
Rosa Gouveia, Vice-Presidente da Sociedade de Pediatria do Neurodesenvolvimento


O dormir representa uma importante actividade do dia-a-dia da criança. Se não forem adquiridos hábitos de sono adequados, isto terá repercussões no comportamento da criança e poderá levar a uma perturbação da vida familiar.
É frequente os pais aconselharem-se junto do médico acerca do sono dos seus filhos e manifestarem as suas preocupações.

Por outro lado, as histórias clínicas estandardizadas são omissas nesta matéria e os médicos que acompanham crianças estão pouco sensibilizados para interrogar os pais sobre os hábitos de sono dos seus filhos.

Assim, devem ser incluídas na história clínica as seguintes perguntas:
- O seu filho tem cama própria?
- Se sim, dorme nela?
- Se sim, adormece nela?
- Se não, com quem partilha?
- O seu filho tem quarto próprio?
- Se sim, dorme nele?
- Se não tem quarto próprio, com quem partilha?
- O seu filho tem dificuldade em adormecer?
- Se sim, o que faz para que ele adormeça?
- O seu filho acorda muitas vezes de noite?
- Se sim, o que faz quando ele acorda?
- O seu filho tem terrores nocturnos?
- O seu filho tem pesadelos?
- O seu filho tem sonambulismo?

É fundamental que a criança adquira desde cedo autonomia para adormecer, isto é, que seja capaz de adormecer sem a presença ou a interferência do adulto.
Durante a noite a criança passa por 5 a 8 ciclos de sono REM e sono não-REM. Na transição do sono não-REM (mais profundo) para o sono REM (mais leve) e durante o sono REM a criança pode acordar e readormece imediatamente.
Se a criança estiver habituada à presença do adulto para o primeiro adormecer, irá necessitar dessa presença várias vezes ao longo da noite, de cada vez que terá que readormecer.

A partir dos 8-9 meses a criança já tem capacidade para adquirir essa autonomia. Será esta a idade ideal para que se habitue a dormir no seu próprio quarto e na sua própria cama.

Para que adormeça de forma autónoma a criança deve ser deitada na sua cama acordada e não já a dormir.

O quarto de dormir deve ser sossegado, pintado em cores suaves, e, de preferência, deve ser utilizado exclusivamente como quarto de dormir e não como quarto de brincar.

O ritual que antecede o ir para a cama deve ser sempre idêntico, calmo, não precedido de brincadeiras violentas. O ritual pode ser, por exemplo, lavar os dentes, ouvir uma história que não contenha elementos assustadores e, de seguida, apagar a luz.

Na criança muito jovem recomenda-se o uso de um “objecto de transição”, que pode ser um boneco, a chupeta ou uma fralda. Este objecto tem um efeito tranquilizador e deve ser usado exclusivamente para adormecer, para que o bebé possa associá-lo ao dormir.

Muitas crianças acordam durante a noite, choram ou chamam os pais. Nestas circunstâncias, a criança deve ser tranquilizada pelo adulto, que a deve deitar e deve dar-lhe a chupeta ou o objecto com que habitualmente dorme. Ao fim de algum tempo a criança será capaz de fazer tudo isto sozinha e dispensará a interferência do adulto para readormecer.
Algumas crianças sentem-se mais seguras com uma luz acesa ou a porta do quarto entreaberta.

Os maus hábitos de sono são difíceis de corrigir. Assim, o bebé que se habituou a adormecer ao colo ou embalado vai necessitar deste estímulo para o primeiro adormecer e para readormecer todas as vezes que acorda durante a noite. O mesmo acontece quando a criança adormece na cama dos pais ou quando os pais se deitam na cama da criança até esta adormecer. Cria-se uma dependência que irá persistir durante muito tempo.
PERGUNTAS FREQUENTES
É aconselhável o uso da chupeta para adormecer?
O acto de chuchar tem um efeito tranquilizador e ajuda a criança a adormecer, pelo que o uso da chupeta é aconselhável. Na sua ausência, muitas crianças irão chuchar no dedo, o que tem vários inconvenientes, como a deformação do maxilar superior com consequente má oclusão dentária. Para além disso, é mais fácil a criança deixar a chupeta na idade apropriada, enquanto que, se chuchar no dedo, terá maior dificuldade em abandonar o hábito.

Qual a melhor idade para o bebé sair do quarto dos pais e passar a dormir no seu próprio quarto?
A idade apropriada para o bebé passar a dormir no seu próprio quarto é variável, mas será em princípio quando deixar de mamar durante a noite, ou seja, pelos 6 meses, embora a autonomia do sono seja adquirida aos 8-9 meses. Os intercomunicadores são úteis para os pais ouvirem o bebé se este acordar.

Devemos embalá-lo, segurar-lhe na mão ou ficar com ele até que adormeça?
A criança deve ser ajudada desde cedo a adquirir autonomia para adormecer, ou seja, a ser capaz de adormecer sem a interferência do adulto. Se a criança se habituar a adormecer com a presença do adulto, vai necessitar dessa presença sempre que acordar durante a noite.

Devemos deixar uma luz acesa?
A necessidade de luz acesa prende-se com a autonomia no adormecer. Se a criança se habituou a adormecer com uma luz acesa vai necessitar dessa luz acesa para readormecer todas as vezes que acordar durante a noite. Da mesma forma, se a criança se habituou a adormecer na total escuridão, só readormecerá durante a noite se estiver escuro. Existem luzes piloto que dão uma iluminação muito ténue e que são apropriadas para o quarto da criança.

Necessita de um boneco para adormecer?
Dormir com o boneco favorito ajuda a criança a adormecer de forma autónoma. Esse boneco deve ser utilizado exclusivamente para o efeito e deve obedecer a todas as condições de segurança (mole, lavável, sem peças pequenas que se possam desprender, sem pêlos).

Devemos tirar o bebé da cama quando chora?
É um erro levantar o bebé da cama sempre que chora, pois há o risco de se tornar um hábito e de só deixar de chorar quando sair da cama. Deve-se acalmar o bebé verbalmente, dar-lhe a chupeta e deixar que readormeça. Isto não se aplica se a criança estiver com fome ou doente.

Pode dormir na cama dos pais?
Pontualmente ou a título excepcional não há inconveniente, mas não se deve tornar um hábito, para que a criança não passe a dormir a primeira parte da noite na sua própria cama e o resto da noite na cama dos pais. Neste último caso terá muita dificuldade em adquirir autonomia do adormecer e do sono.

Devemos contar-lhe uma história antes de adormecer?
O ritual antes de adormecer vai ajudar a criança. Esse ritual inclui entre outras coisas o lavar os dentes, o desejar as boas noites aos familiares e a leitura da história que também tem o efeito de estimular o hábito de leitura. Devem ser escolhidas histórias calmas, com final feliz e que não contenham episódios assustadores que poderão levar a criança a ter pesadelos.

Pode ver televisão antes de ir para a cama?
A televisão faz parte da vida da criança e não deve ser proibida. Não há qualquer inconveniente em que a criança veja um pouco de televisão antes de ir para a cama, desde que veja um programa adequado, de preferência acompanhada para que o possa comentar com o adulto, e dentro de um horário apropriado de forma a não se deitar tarde.

Como devo proceder com o sonambulismo do meu filho?
O sonambulismo não é raro na criança. Algumas crianças sentam-se na cama, mas outras levantam-se e deambulam pela casa durante o sono, havendo o risco de caírem ou de se magoarem. Em caso de sonambulismo não se deve acordar a criança, pois ela está a dormir e ficará desorientada se acordar em pé no meio da sala. O melhor é conduzi-la calmamente para a cama e deitá-la, evitando que ela caia ou se magoe.

O meu filho tem terrores nocturnos. Como devo proceder?
Os terrores nocturnos ocorrem cerca de 90 minutos depois do adormecer, têm 1 ou 2 minutos de duração e afectam crianças entre os 3 e os 12 anos de idade. A criança grita como se estivesse muito assustada, por vezes senta-se na cama e pode ter os olhos abertos. Apesar disto, a criança está a dormir e, tal como no sonambulismo, não deve ser acordada, pois ficaria assustada. Deve apenas ser deitada calmamente. O terror nocturno não deixa memória.

O meu filho tem pesadelos. Como devo proceder?
Os pesadelos existem tanto no adulto como na criança, e o conteúdo do sonho fica gravado na memória o que pode causar ansiedade e perturbar o seu dia a dia. Nestes casos a criança deve ser encorajada a contar o sonho ao adulto, que o irá comentar e desmistificar.

O meu filho movimenta muito a cabeça e bate com a cabeça nas grades da cama para adormecer. É normal?
Muitas crianças abanam ou batem com a cabeça para adormecer. É difícil de contrariar e costuma desaparecer espontaneamente.

O meu filho range os dentes. É normal?
O ranger dos dentes também é um comportamento usado por algumas crianças para adormecer ou mesmo durante o sono. Costuma desaparecer espontaneamente.

BIBLIOGRAFIA
- Barry Zuckerman – Sleep problems – Developmental and Behavioral Pediatrics: A handbook for Primary Care – Steven Parker, Barry Zuckerman, Marilyn Augustyn – 2nd Edition – Lippincott Williams and Wilkins – 2004
- Thomas F. Anders, MD, Beth L. Goodlin-Jones, PhD – Departamento de Psiquiatria, Universidade da Califórnia, Davis e Marina Zelenko, MD – Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford – Desenvolvimento dos Estádios de Sono-Vigília e sua Regulação no Lactente – Acta Pediatr.Port., 1999, nº 1; Vol. 30: 101-4
- Kevin P. Connely – Sleep Disorders: Night Terrors – eMedicine – 1 de Março de 2006
- Kevin P. Connely – Sleep Disorders: Nightmares – eMedicine – 1 de Março de 2006
- Denis A. Nutter, MD – Sleep Disorders: Problems associated with other Disorders – eMedicine – 4 de Abril de 2007
 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Gesso outra vez

Ontem fomos a Coimbra tal como fazemos todas as semanas. Custa um pouco confesso mas tem valido muito a pena. Olho para a Maria e vejo realmente as mudanças. Muito além do trabalho que faz lá, fisioterapia e terapia ocupacional, têm-me ensinado e esclarecido imensas coisas, o que depois ajuda muito no trabalho de casa. ( Lembrei-me agora dos TPC's do tempo de escola. :) Será que ainda dizem assim?!!!)

Enfim... ontem foi um dia diferente. Fizemos T.O e depois fomos colocar gesso nos pés da Maria. À semelhança da primeira vez, estar quieta foi tarefa impossível mas ainda assim correu bem. Pelo menos assim achamos. Apesar de ter sido administrado um fármaco para relaxar e dessa forma estar quieta, a Maria esteve sempre a mexer-se.

Se nada acontecer em contrário o gesso será retirado na próxima segunda-feira e nesse momento veremos então como resultou.

O gesso serve para manter o pé na posição correcta e ajudar os tendões a alongar, permitindo assim que os mesmos possam crescer o mais  rápido possível e relação aos ossos. Desta forma esperamos dar um empurrãozinho na marcha e evitar que a diferença de tamanho entre ambos os membros inferiores aumente.

Tal como na outra vez, não notei qualquer mudança de comportamento na Maria. Continua irrequieta e a fazer malandrices, nada incomodada com o peso extra nos pés



A treinar os passinhos

Colocámos uma parte de um tronco de cerejeira dentro do andador para fazer peso e aproveitámos que estávamos na casa dos avós, onde há mais espaço, para treinar um pouco os passinhos. Devagar... devagarinho lá vamos aprendendo. O caminho é difícil e vamos muito devagar.. mas havemos de chegar à meta!






E no fim-de-semana foi assim...

Tal como em todos os sábados, e restantes dias da semana, a Maria acordou muito cedo e brincou a manhã toda. Ao final da manhã preparámos tudo e lá fomos nós para a natação nas Piscinas Municipais. E ela adora. Normalmente vou eu sempre pois o papá tem que ir trabalhar. Como vamos só as duas não tenho tido oportunidade de tirar umas fotografias para testemunhar a alegria que é. Mas é bom de ver, acreditem. Apesar de nos dois primeiros sábados deste mês ter sido difícil pois ela estava tensa e muito refilona, essa fase já passou. Segundo o Prof. D. é natural ela estranhar um pouco depois de estar algumas semanas sem ir devido às férias de Natal. Mas tem feito muitos progressos e já mexe muito melhor todos os membros. Adora mergulhar.

Ao final do dia tivemos a sempre agradável visita de amigos nossos e tivemos um jantar muito divertido. Como sempre!

No domingo levantámos cedo, em consequência claro está das poucas horas de sono da Maria, e fomos dar um passeio a pé, algo que cá por casa adoramos. Já la iam alguns meses depois do último.











Como era um dia especial pois fez um ano que a Maria foi baptizada e que os papás casaram pela igreja, quisemos tirar mais algumas fotos para marcar a data. Depois do almoço fomos para a nossa aldeia e fomos visitar aquilo que resta da escola primária onde os papás ( e até os avós e tios) aprenderam a ler e escrever. Apesar de ficar a poucos metros da casa dos avós, há muito tempo que não íamos lá. Custou muito ver assim aquele espaço onde fomos tão felizes na infância mas enfim... chama-se desertificação. Quem sabe se em breve alguém tem a coragem para  o reutilizar. Encontrámos por lá o tio Jaime e aproveitámos para subir escadinhas e trabalhar um pouco as perninhas da Princesa. Foi muito divertido.
São muitas... mas a Maria subiu-as todas

A velhinha escola

Ao colo do tio Jaime ( é só miminhos :) )






A Maria com as suas quatro avós, as bisavós do lado esquerdo e as avós do direito 



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O meu baloiço

Tal como já tinha contado aqui recentemente colocámos o baloiço Wingbo no quarto na Maria. Este baloiço é muito adequado para bebés e crianças com necessidades especiais e tem vários propósitos. Com ele quisemos manter a bebé divertida - sem andar de rabo no chão prejudicando a anca - e trabalhar as pernas uma vez que permite que ela própria, de barriga para baixo ( posição de que não gosta mesmo nada)  se desloque pelo quarto, conseguindo brincar ao mesmo tempo.

Além disso este baloiço é especialmente benéfico na integração sensorial pois baloiçando-se a si propria a Maria desenvolve a coordenação que mais tarde a ajudará no desenvolvimento de simetria e bi-lateralidade da postura. O Wingbo facilita a integração no espaço, incentiva o movimento e confere consciência de equilíbrio devido ao seu movimento oscilante.
Aqui fica um pequeno video.
    

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mãe a tempo inteiro

Mesmo antes da Maria nascer já eu era uma mãe a tempo inteiro. Não por opção. Por necessidade. Ainda a Princesa tinha o tamanho de um feijão já eu estava em casa, com dores infinitas e aterrorizadoras. Foram semanas de angústia e medo, mesmo muito medo. Inicialmente não sabia que dores eram aquelas e por que razão me estavam a impedir de trabalhar. Achava que alguma coisa poderia estar mal com a bebé e até que os médicos (muitos !) por onde passei me tranquilizassem nada me fazia descansar. Ao que tudo indica eram dores provocadas por uma lesão muscular provocada pelo descolamento do músculo do osso, mesmo na zona das costelas. Ao que tudo indica!!!. À medida que a barriga crescia as dores também e por isso acabei por ficar a gravidez quase toda em casa, muitas vezes imobilizada e amargurada por ser uma mãe a tempo inteiro por obrigação, não por vontade.

E se nos dias que correm, onde muitos desesperam por não ter um emprego e outros sentem o mesmo mas porque têm que por um pé à frente do outro, estar em casa sem trabalho é causa de muita tristeza. Deixei de trabalhar aos 3 meses de gravidez e assim estive até a bebé nascer. Tinha planeado regressar ao trabalho 4 meses depois do parto e fazer aquilo que considero uma vida normal: trabalhar, cuidar da Maria e tudo o resto inerente à vida em família. Mas uma vez mais fui surpreendida com a realidade de ter uma filha que, mesmo sendo a melhor do mundo, tem necessidades especiais. E nestas situações começamos a redefinir as nossas prioridades e a estabelecer novos planos de vida. Por necessidade e por achar que conseguiria superar todas as dificuldades voltei ao trabalho e tudo tentei para ter a vida normal que era possível. Nessa mesma altura começaram a surgir as alterações neurológicas que temíamos e começou, inevitavelmente, o rodopio entre consultas e terapias, exames e mais exames.Foi absolutamente louco viver assim. Não que a loucura no sentido de viver 1001 coisas no mesmo dia não seja estimulante mas em muitos momentos o cansaço e a sensação de não estar a fazer tudo falaram mais alto.

Trabalhar em hotelaria  não é uma paixão, não foi aquilo que sonhei quando coloquei Turismo como primeira opção para entrada na faculdade, mas gosto. É um desafio diário mas muito cansativo. Depois de alguns meses tive que optar. Senti que estava a ser só mãe em part time quando a minha filha precisava de mim  24horas por dia, mais que uma criança sem necessidades especiais. Senti que estava a actuar como se essas necessidades não existissem, como se não merecessem mais esforço da minha parte.  E cá estou eu. Mãe a tempo inteiro, mas desta vez por opção. Se estou feliz com isto: em parte sim, em parte não. Passo a explicar. Se estivesse a trabalhar e  2 ou 3 horas diárias com a Maria e em algum momento sentisse: Se eu me tivesse dedicado mais a Princesa estaria melhor! Sentir-me ia a pior mãe do mundo. Ninguém quer ser a pior mãe do mundo. Não quis deixar nenhuma hipótese pendente, quis ter disponibilidade pelo menos para tentar. Se saber que em grande parte as melhorias da Maria se devem à minha insistência me deixa feliz, então vale a pena não estar a trabalhar. Por outro lado, esta é uma situação muito desgastante. Tal como todas as outras pessoas, também tenho sonhos, objectivos. Estudei muito para ser uma boa profissional, dediquei-me no meu trabalho fazendo o meu melhor a cada dia e hoje  cada vez que sei de colegas meus que estão nos seus trabalhos, a construir as suas carreiras, sinto-me realmente mal. Troquei os sites de turismo por explicações infinitas para os problemas da Maria, troquei os passeios de fim de semana de que tanto gostava para fazer pesquisa(ou só para conhecer) pelas idas aso hospitais e terapias quase diárias, troquei os sites sobre moda e coisas banais por blogues de outras mães de crianças especiais à procura de algum ânimo. No fundo deixei de ser aquilo que mais queria ser: uma mulher normal. Sou mãe, não sou profissional, poucas vezes sou mulher, apenas algumas serei uma boa filha e irmã. Ser mãe a tempo inteiro também tem estas coisas mais sombrias. Poucas são as saídas, poucas são as capacidades económicas, poucos são os amigos ( pois esses também desapareceram) e poucas são muitas outras coisas que agora não interessam nada. Enfim... vendo as coisas também por este lado... então não... não estou feliz com isto.

Tudo na vida tem dois lados não é.... e em tempos de crise profunda ser mãe a tempo inteiro tem custos muito elevados. A ver vamos até onde conseguirei ir.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Trabalhos manuais

Os dentinhos da Maria continuam a nascer e recentemente romperam os caninos. Depois disso notei que trinca muito melhor os alimentos e interessa-se mais por comer sozinha mas continua a querer levar tudo à boca, presumo que para coçar as gengivas.

Há uns tempos tinha feito uma cartolina onde colei fotografias das pessoas que a Princesa vê com mais frequência, e que por isso mais facilmente identifica, de forma a treinar a associação da cara aos nomes. Nos primeiros dias resultou bem mas a dada altura as fotografias ficaram danificadas pela baba e pelo manuseamento das mesmas. Nesse momento decidi que iria fazer cartões individuais ( tamanho da fotografia) e plastificá-los.

Mais tarde o Prof.F., professor do Ensino Especial, deu-me alguma documentação relacionada com a paralisia cerebral e com a microcefalia (e eu muito agradeço) e entre esses documentos encontrei algumas ideias de como adaptar materiais e elaborar ferramentas para estimulação. Resultado: muitas horas nocturnas a tirar fotografias e a criar cartões para auxiliar a estimulação cognitiva e a linguagem. Infelizmente o tinteiro da impressora não foi tão ambicioso quanto eu e ficámos a meio do objectivo final. Como alternativa recorri a pintura em alguns temas mas os outros terão que esperar por um novo tonner. Deixo aqui algumas fotos dos cartões que já fiz. Ficam a faltar aqueles que se referem aos objectos do quotidiano  da Maria aos quais tirei fotografias para ajudar a identificação. Mais tarde partilho-os também.





 




Já me levanto sozinha!

A Princesa começou ontem a levantar-se na cama. Fiquei com as lágrimas nos olhos pois, apesar de parecer uma coisa muito simples, sonhava com esse momento à muito tempo. E finalmente chegou.

A qualidade do video não é a melhor mas aqui fica a princesa nos treinos....





Dormir é que é complicado!

Atribuladas... muito atribuladas têm sido as noites cá em casa! Que a Maria não gosta de dormir nós já sabíamos. De cor e salteado! Desde as primeiras semanas que fazia sonos de 20 minutos e depois passava horas a fio como se nada se passasse. Com a chegada dos 5 meses passou a dormir quase toda a noite mas manteve os breves minutos na sesta . Acho que pensa como a mamã... Dormir é de noite!!Desde os 5 até por volta dos 15 meses dormiu grande parte das noites com poucos ou nenhums intervalos. De dia é que as coisas sempre se complicaram mais.... Quando ia à escolinha buscá-la diziam-me logo: Olhe que a Maria não dormiu! ou então - A Maria só dormiu uns minutinhos e depois não deixou dormir os colegas.! Enfim... que haveria eu de fazer. É claro que eu também queria... e quero...  que ela durma mais tempo. Precisa de descansar... ela ... e eu! Nas últimas semanas a coisa piorou e muito! Começou a acordar cada vez mais cedo, fazia birra atrás de birra e após muitas visitas ao quarto dela acabava sempre por ir parar à cama dos pais. Era remédio santo! Adormecia logo! Durante muitas noites acordava de meia em meia hora até de manhã. Se pegava ao colo adormecia, se a devolvia aos lençois fofinhos da sua camita acordava com grito daqueles que acordam o prédio inteiro. Pois bem.... decidi que acabou o adormecer ao colo da mãe e as idas para  cama dos pais a meio da noite. Decidi investir algumas noites ( espero que não muitas :)) em ensiná-la a adormecer na cama dela e a voltar a ficar lá durante a noite... ( é que eu acho que ela já acordava só para ir  para a minha cama). Vamos na segunda noite e está a correr bem.... mas é melhor não falar muito, ainda dá azar! Logo hoje que é sexta-feira 13. Adormeceu sozinha e está a dormir....

Por falar em sexta-feira 13, faz hoje 17 meses que nasceu a Princesa... também numa sexta-feira 13. Podia ter sido um dia de azar, mas não foi. Nesse dia conheci o verdadeiro sentido da vida e a Maria é uma benção. Bom... era sexta-feira quando comecei a escrever...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ano Novo... Coisas novas para contar!

Após uma época festiva em que se quer estar em família e já num novo ano, que esperamos melhor que o triste 2011, muitas são as novidades que temos para partilhar.

Passamos a maior parte dos dias das ultimas semanas na casa dos avós, divididos entre terapias, momentos de festa em família e muita mas muita brincadeira... e claro .... muitos miminhos para a princesa.

Acompanhadas por um grande salto no crescimento vieram também novas aquisições, muitas delas uma verdadeira alegria para os papas. Estávamos nós num bom momento de conversa e partilha na casa dos avós enquanto a Maria estava na sua girafa, cadeira de posicionamento que entretanto nos foi emprestada pela APCC até que chegue a que foi pedida para a Maria,  a brincar com algumas coisitas entre as quais uma flauta  quando de repente se ouviu um pequeno assobio. Achamos que tínhamos ouvido mal mas eu fiquei atenta pois ela já tinha andado a experimentar nos dias anteriores. Ouvimos de novo uma, duas, três vezes e lá estava a bebé toda contente com a flauta na boca. "Que bem meu amor!"

Dias depois estávamos em casa da madrinha e eu lembrei-me de lhe dar um pacote de sumo com palhinha, para ver se ela se ia adaptando e ela, sem mais nem menos, começou a beber pela palhinha. Fiquei com um sorriso de orelha a orelha e dei-lhe uma grande beijoca.  Por falar em beijos, tenho a dizer que tenho aqui em casa uma grande beijoqueira... beija a mãe, o pai, os avós, os tios, os primos, os amiguinhos, os terapeutas, os colegas da escolinha... enfim... beija toda a gente...

Este Natal foi muito bom também para a estimulação da Maria pois optamos por dizer à família quais as coisas que mais faziam falta à Maria pois dessa forma não se desperdiçaria dinheiro ( um bem escasso) e poderiam ajudar a princesa. Deram-nos imensos materiais, brinquedos.... mas também muitas ideias e sugestões. Apesar de todos estes presentes que muito agradeci e agradeço, há uma coisa em especial que quero destacar... a grande disponibilidade para cuidar, para ensinar, todos os minutos que cada um disponibilizou para conversar com a bebé, para brincar com ela, para lhe dar atenção, todos os minutos de descanso que ao mesmo tempo deram aos papás. Sei que o descanso dos papas poderá não parecer uma boa ajuda mas é... cada 5 minutinhos que alguém cuida da Maria são 5 minutinhos de descanso que ajudam taaantooooo! Sei que os pais na mesma situação entendem muito bem aquilo que quero dizer.

Depois de aprender a andar de rabo a Maria ficou muito mais autónoma e isso fez com que os acidentes começassem a acontecer. Começou a abrir gavetas e portas... e a fechar gavetas e portas juntamente com os seus dedos, começou a tirar livros da estante que caiam no chão ou em cima de si própria.... enfim, tornou-se perita em ir a todas as divisões da casa num tempo incrivelmente pequeno.  Nessa sequência surgiu um aumento da carga sobre o lado direito ( não afectado)  e   passou a fazer menos força com os membros esquerdos nessas deslocações. De forma a evitar danos mais graves, foi-nos aconselhado por uma das terapeutas que segue a Maria a que ele deixasse de andar tanto no chão. Passamos a fazer mais horas de standing frame e a girafa tornou-se de vez a sua grande companhia. Inicialmente reagiu com alguma revolta por não poder andar à vontade no chão mas com as  rotinas foi-se tornando mais simples. Neste momento a girafa vai connosco para quase todos os lados e dividimos o tempo entre ela, o standing, o carro    4 em 1,o baloiço Wingbo, o andador e o caminhar pela mão.

Wingbo pendurado no tecto 

Há séculos que andava para comprar um baloiço para a Maria mas ainda não tinha encontrado o baloiço certo nem o sitio ideal. Com a necessidade de evitar que a bebé ande no chão, uma grande amiga minha lembrou-se de lhe oferecer o Wingbo, igual ao que também comprou para o nosso grande João mas sem o suporte que já não serve para ela  - ( http://aviagemdomeujoao.blogspot.com/2011/12/wingbo.html)  e foi uma alegria imensa. Comprámos as cordas e todos os equipamentos necessários, fizemos os furinhos no tecto e montamos o baloiço no quarto da princesa. Ela gosta imenso e com alguns ajustes que vamos fazendo ela ora simplesmente baloiça ora faz força com os pés no chão e vai-se deslocando. Logo que possa coloco algumas fotos e vídeos.

Além do divertido baloiço ( pois apesar de tudo é muito importante que a princesa se divirta ) caminhar pela mão é neste momento a sua grande paixão. Juntamos o útil ao agradável pois quanto mais ela caminhar mais facilmente colmatamos os problemas da anca e ela ganha independência. Segundo a fisioterapeuta ela já aprendeu o processo apenas ainda não percebeu que realmente é isso que a faz ir de um sitio ao outro. Esperamos que fique para breve essa nova aquisição.

Numa tentativa de ajudar no processo de caminhar, vamos intensificar as terapias pelo menos no campo da fisioterapia e na próxima semana iniciaremos mais uma hora semanal. Quem sabe se não será o empurrão que lhe falta.

Também na área da linguagem  muitas melhorias se fizeram notar nestas semanas de ausência do blog. Notámos uma melhor compreensão e associação de palavras, objectos e acções e, mesmo que pouco percetivel, já sai o " não está", "onde está", "não há", "já está". Consegue pedir com um "dá" ou um abrir e fechar rápido mas muito engraçado da mão. Diz adeus com os braços quando é pedido e muitas vezes já com o braço esquerdo voluntariamente. Para espanto do avô que acha sempre que é o preferido dos mais pequenos por volta da passagem de ano começou a chamar pela "bó" - tradução avó.

Enfim... por hoje já chega de escrita mas prometo que amanhã conto mais algumas coisitas.








Era para aproveitar o sol da manhã e usa-se o que se tem à mão :)