sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sobre a falta de profissionalismo

Esta semana passámos por várias situações que me deixaram verdadeiramente incrédula. Nestes últimos 22 meses em que, como tantas outras mamãs e papás passo grande parte do tempo em correrias para terapias e consultas, tenho-me deparado com todo o tipo de profissionais. Alguns simpáticos e compreensivos e  outros simplesmente maus profissionais. Já tive oportunidade de falar de ambos os tipos neste blog mas a cada semana que passa vou tendo mais surpresas. Não das que eu gosto. Não das que me deixam a sorrir. Sim daquelas que me deixam furiosa, com vontade de dizer algumas verdades bem ditas. Caramba! Começo a ficar realmente zangada.

Soube há já algum tempo através de uma amiga que aqui bem perto num shopping estavam representantes de um Centro de Recursos do distrito e como não pude ir lá falar com eles, de forma a perceber de que forma poderiam ajudar a minha Princesa, o Prof. F ofereceu-se e foi lá. Ficou combinado pedir-se uma avaliação que o tal CR a viria fazer. E veio. Na segunda-feira de manhã fui com a Maria à escola com essa  finalidade. Foi muito mau. Nenhum interesse em saber as dificuldades da Maria, nenhuma pro-actividade, pouca preparação, um claro desconhecimento... enfim. Uma desilusão. O que mais me irritou foi o facto do profissional desse centro insistir em avaliar a Maria apenas olhando para ela e sem interesse em dados clínicos. Como estava ali toda feliz da vida com os amiguinhos então já não tem problemas nenhuns. Fartou-se de a comparar com outros meninos sempre para dizer que esses sim precisam de apoio, que a Maria só precisa de ser tratada como uma criança normal. Qual foi a parte em que eu disse "a Maria tem paralisia cerebral e microcefalia" que não entendeu?!!! Sou só eu que me chateio com esta postura  ou será geral? É claro que eu sei que há meninos que necessitam de mais ajudas, claro que sei que têm mais dificuldades. Mas isso será razão para desvalorizarem a Maria? Só porque "aparentemente" está bem??? Se este Sr. estivesse mais bem preparado e tivesse dado mais atenção à Maria certamente  que iria ver que as coisas, infelizmente, não são bem assim. Estou cá para ver que equipamentos vão afinal ser atribuídos à Maria.

Dois dias depois, como todas as quartas-feiras, fomos para a Terapia Ocupacional e ao entrarmos na sala a Maria começou a caminhar na direcção da terapeuta.
Seguiu-se este diálogo:
EU: Bom dia. Maria diz olá à T.*
T.*: Ai a Maria está com uma marcha muito má. ( frase já dita também a semana passada mas à qual não respondi)

Respirei fundo, controlei as lágrimas que já queriam escorregar, e respondi:
"Sabe... quando a Maria nasceu disseram-me que ela podia não vir a caminhar. Passei meses com essas palavras na minha cabeça. Para mim ver a Maria a caminhar já é muito bom. Eu sei que ela ainda caminha mal, que cai muitas vezes mas ela está a aprender e sei que tem capacidades para melhorar. Ela é acompanhada por  três fisioterapeutas diferentes e vários ortopedistas, não é suposto eles fazerem tudo para melhorar? Afinal é suposto confiarmos nos profissionais que acompanham os nossos filhos não é *? Ela vai melhorar. Mas temos que acreditar e não deitar abaixo."

T.*: Então peço desculpa." ( mas não foi sincero)

É assim... ela não disse nenhuma mentira, mas caramba dizer isso assim em vez de um bom dia, em vez de uma palavra mais positiva. Talvez seja errado ficar triste por causa destas situações, talvez seja mesmo o meu feitio, mas esta falta de humanidade deita-me para baixo.

A razão pela qual substituí a inicial do nome do terapeuta por um * foi porque estou farta de ser prejudicada por dizer o que penso. E se é  preciso fingir para que a minha Princesa tenha mais apoio e ajuda então também vou aprender. Uma mãe faz tudo pelas suas crias. Até logo.