domingo, 15 de abril de 2012

O que eu tenho aprendido (2)

São muitas as aprendizagens das últimas semanas que gostaria de partilhar aqui, mas confesso que muitas delas são até difíceis de explicar sob o risco de não conseguir expressar exactamente aquilo que aconteceu.

Estava eu a brincar com a Maria ás escondidas e ela estava sentada na cadeira da papa. Escondi-me atrás e ora aparecia de um lado ora do outro, e ela sempre a procurar num ou no outro lado. A certa altura decidi não aparecer e ela ficou muito inquieta porque não me viu em lado nenhum. Começou a choramingar e eu apareci do lado da frente e ela muito chorosa disse-me "num tá" e fazendo gesto de abrir as mãos para os lados. O que ela quis dizer  foi que esteve à minha procura mas eu não estava e por isso estava a chorar. Foi delicioso.

Numa outra altura estávamos a trabalhar com uns encaixes dos meios de transporte e tanto no carro como no autocarro apareciam passageiros e eu estava a mostrar um de cada vez e a dizer que estavam ali pessoas, num e no outro. Então ela apontou com o dedo que o carro tinha uma matricula e o autocarro também. Adorei!

Todos os dias de manhã quando ela acorda na sua galhofa habitual vou buscá-la ao quarto e levo-a para a minha cama para brincarmos um pouco. Como ela é tão rápida a mexer-se costumo colocar almofadas no outro lado da cama onde dorme o papá que entretanto já saiu. Então ela vai retirar as almofadas a dizer "papá" e depois diz-me "num tá" mas sem eu perguntar nada. Ela sabe perfeitamente que ali é o espaço do pai.

Relativamente à comunicação está também muito diferente. Esforça-se para tentar repetir aquilo que digo, e ao contrário do que acontecia, quando estou a repetir as palavras fica com atenção. Às vezes lá saem umas silabas para além das palavrinhas que já diz há algum tempo.  No próximo mês teremos nova avaliação da terapia da fala e possivelmente a partir daí iremos acrescentar mais essa terapia ás suas rotinas.

Com o regresso do apetite veio também um interesse maior em comer sozinha. Se não deixo começa a resmungar. Come melhor com garfo pois consegue mais facilmente segurar os alimentos e levar à boca sem deixar cair. Fico é aflita de ver ali o garfo a circular perto da cara mas ela é muito cuidadosa. Uma das terapeutas da Princes falou-me de um talher adpatado que estou a pensar em adquirir para evitar acidentes. Deixo aqui um exemplo.


O peso do cabo (170 g) proporciona maior controle sobre a movimentação. Ideal para pessoas com controle manual limitado, com doença de Parkinson ou espasticidade. Cada talher apresenta um cabo Good Grips® e formato especial do metal que permite dobrá-lo com ambas as mãos. A faca em balanço requer uma força mínima para cortar os alimentos. Fonte:  http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm


Existem também um tubos de espuma para engrossar os talheres normais e ajudar na preensão. O chão da cozinha fica sempre um caos mas é por uma boa razão. :) 

Aprendeu também a apontar para as peças de roupa quando pergunto onde estão, aprendeu para que servem muitos dos objectos do dia dia e mais algumas coisas que terei oportunidade de partilhar mais tarde. Por hoje já chega. Beijinhos